Para visitares ou viver na Austrália, vais precisar de um visto. Existem várias opções, mas a escolha vai depender se o teu objetivo for viajar, estudar, trabalhar ou viver.
Se só queres visitar o país, praticamente qualquer visto serve, mas o mais comum é o eVisitor (subclasse 651). Só tens que fazer download da app ou usar o site, introduzir a tua informação e já está (o visto é gratuito). Neste caso, deves ler o ponto 5 deste guia, pois deves fazer um seguro de viagem. Depois, podes passar para a próxima etapa do nosso guia, Viver e Trabalhar na Austrália, onde explicamos ao pormenor como foi a nossa experiência de viver e trabalhar na Austrália, com imensas dicas úteis – mesmo que não vás viver e/ou trabalhar na Austrália.
Caso pretendas viajar, trabalhar ou viver (a nossa opção) podes candidatar-te a vários vistos:
- O visto Working Holiday subclasse 462 (guia completo abaixo);
- O Student Visa permite-te estudar e trabalhar a tempo parcial. Conhecemos várias pessoas e amigos que utilizam este visto para poderem ficar na Austrália depois do WHV. Só recomendamos se efetivamente quiseres estudar, porque ao contrario do WHV tens um numero limitado de horas semanais que podes trabalhar, e as propinas são caras.;
- O Sponsor implica que uma empresa te vai patrocinar o visto, e o Skilled é para quando tens uma profissão que está em falta na Austrália. Estes vistos são complexos, demorados e dispendiosos, mas através deles consegues ficar a viver permanentemente na Austrália. Temos amigos próximos que se candidataram (com sucesso), por isso, se tiveres alguma questão podemos tentar ajudar.
Visto de Férias e Trabalho na Austrália – WHV 462
Nós queríamos viajar, mas também trabalhar, porque os salários na Austrália são bastante tentadores. O visto Working Holiday (trabalho e férias) é a opção ideal para quem quer ter uma experiência completa neste país!
A candidatura é relativamente simples, e podes encontrar toda a informação de que precisas na página do governo australiano. Existem empresas que se encarregam de todo o processo por ti, mas não vale a pena gastar dinheiro nisso – o processo é muito fácil, e tens toda a informação que precisas no nosso guia! Guarda o dinheiro para aproveitares quando já estiveres na Austrália.
O guia que disponibilizamos abaixo descreve todo o processo de forma detalhada, mas qualquer dúvida que tenhas, podes entrar em contacto connosco 🙂
Visto 462 ou 417
Há dois vistos W&H para a Austrália, o que pode gerar alguma confusão. São semelhantes, mas é o teu país de origem (passaporte) que vai determinar a qual deles te podes candidatar. Se estás a ler isto em Português, assumimos que a tua nacionalidade é Portuguesa ou Brasileira, portanto a explicação do processo vai focar-se no visto 462 e passaporte português/brasileiro. No entanto, se tiveres dupla nacionalidade e esse pais estiver abrangido pela subclasse 417, podes e deves considerar o visto 417.
Porque é que o 417 é (quase) sempre melhor?
Não há limite de candidatos no visto 417, enquanto que para o visto 462 existe um limite de vagas, que varia de acordo com o país de candidatura. A data deste guia, 500 para Portugal e 500 para o Brasil.
- O processo de candidatura é muito rápido no visto 417. Fazes a candidatura, pagas e, por norma, tens o visto em menos de 48 horas. Para o visto 462 deves contara com pelo menos com duas a três semanas;
- Apesar de variar de país para país, o visto 462 exige um mínimo de dois anos de frequência no ensino superior e um exame de Inglês;
- Para Portugueses e Brasileiros, o visto é válido por um ano a partir do momento em que entras na Austrália, mas é possível estender até um máximo de três anos através da realização de trabalho regional. Uma das poucas vantagens do visto 462 é que se o fizeres a Norte do Trópico de Capricórnio, podes trabalhar em hotéis ou cafés, em vez de trabalhar numa quinta, o chamado farm work.
Tenho 30 anos, o meu visto vai ser aceite?
Sim! O limite de idade é de 30 anos inclusive, e o que conta é a data em que submetes a tua candidatura. O João, por exemplo, candidatou-se a 11 dias de fazer 31, e o visto foi aprovado 9 dias depois de ele já ter feito anos.
Como te podes candidatar ao visto 462
Neste link encontras todas as informações necessárias para o visto Working Holiday, subclasse 462, mas deixamos-te com um guia completo para te ajudar com base na nossa própria experiência no processo.
- Antes de te candidatares
- Documentação
- Prova de Inglês
- Exigências de Educação
- Seguro de Viagem
- Candidatura ao visto
- Segundo e Terceiro Ano
- Custos
1. Antes de te candidatares
Certifica-te de que cumpres os requisitos de elegibilidade. Para o visto 462, é necessário ter pelo menos 18 anos de idade e não ter mais de 30 anos no momento da candidatura. Além disso, é necessário ter passaporte português/brasileiro, um exame de proficiência em inglês e no mínimo 2 anos de frequência no ensino superior.
Começa a preparar tudo com antecedência! Nós começámos a tratar dos documentos necessários alguns meses antes da data de candidatura (1 de Julho para Portugal). Como há um número limitado de vagas, vais querer fazê-lo à meia-noite do dia em que estas abrem para garantir o teu lugar. Pelo menos essa foi a nossa estratégia! Marca o teu teste de inglês com pelo menos 3 meses de antecedência, porque há datas específicas para a realização desses exames. Na altura estávamos a viver em Inglaterra e fizemos lá o nosso exame, em Portugal, as escolas podem funcionar de forma diferente. Além disso, se reprovares, tens tempo para o repetir .
2. Documentação
Todos os documentos inerentes à tua candidatura têm que estar em Inglês. Caso estejam em Português, tens que recorrer a uma tradução oficial antes de os submeteres.
- Passaporte – Se não tiveres um, podes fazê-lo na Loja do Cidadão. Aconselhamos a que facas marcação para, e podes levanta-lo uma semana depois;
- Certidão de Nascimento ou Cartão de Cidadão – Ambos funcionam, mas aconselhamos o cartão de cidadão porque já está em Inglês;
- Prova de frequência do Ensino Superior – Um documento que prove que estudaste pelo menos 2 anos no ensino superior (ou nível 5), ou apresentação do diploma (em Inglês);
- Exame de Inglês – Nós fizemos o IELTS, mas existem outras opções;
- Extrato bancário – precisas de ter pelo menos $5000 AUD (cerca de 3200€) + dinheiro para um voo de saída. Isto serve para garantir que tens dinheiro para te sustentares nos primeiros tempos.
3. Prova de Inglês
Para te candidatares ao visto 462 tens que comprovar que tens um nível de inglês funcional. Tens várias formas de o fazer, mas 99% dos candidatos faz uma prova de inglês, mais concretamente, o IELTS. Atenção que há 2 exames: General e Academic. Ambos são válidos, mas o segundo é específico para o ensino superior, e por isso mais exigente. A tua prova de inglês tem de ter menos de um ano à data de candidatura ao visto.
O exame tem 4 componentes:
- Speaking (falar)Numa sala com um examinador, este vai-te pedir que fales um pouco sobre ti e dar-te um tema para desenvolveres. O nosso conselho é que leves a conversa, literalmente, “na boa”. O exame não é académico, e o objetivo é ver se estás à vontade com o inglês. Para nós foi relativamente fácil porque quando o fizemos já vivíamos no Reino Unido há mais de 2 anos e já estávamos habituados a lidar com o inglês no dia a dia. Esta é a única componente à parte e possivelmente feita num dia diferente.
- Writting (escrever)Este módulo é feito numa sala onde estão vários candidatos, juntamente com os dois módulos abaixo. No writting vão dar-te um tema para escreveres, por norma uma carta não formal. No nosso caso foi escrever uma carta a um amigo depois de o termos visitado porque nos esquecemos da carteira em casa dele.
- Listening (ouvir)Este é capaz de ser o mais fácil, mas ao mesmo tempo o mais exigente. É só ouvir algumas falas num rádio e escolher as opções certas e/ou preencher palavras em falta. A dificuldade vem da (péssima) qualidade do som. Se estiver baixo demais não se ouve no fundo da sala, mas se estiver alto demais fica com demasiado ruído. Para piorar, só tens uma oportunidade, porque só ouves uma vez, por isso este exercício é o que requer mais concentração.
- Reading (ler)Só tens que responder a perguntas sobre um texto. Este exercício é bastante acessível.
Quanto mais à vontade com o Inglês estiveres, melhor. O exame é relativamente simples e muito semelhante com exercícios das aulas de Inglês na escola. Online encontras imensos testes (gratuitos) para poderes praticar. A avaliação é feita de 0 a 9.5, e para passares só tens que ter no mínimo 4.5 (50%).
4. Exigências de Educação
Para te candidatares ao visto 462 precisas de ter uma prova de pelo menos 2 anos de frequência no ensino superior. Se terminaste a licenciatura e/ou fizeste um mestrado, doutoramento ou pós-graduação, basta o teu diploma, mas tem que estar em Inglês.
Cursos de nível 5 também são aceites. Em Portugal são os cursos profissionais lecionados pelo IEFP, Escolas Tecnológicas e Estabelecimentos de Ensino Superior e Instituições de ensino superior (Universidades, Politécnicos, etc): Cursos CET e Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTESPs). Podes encontrar mais informação aqui. Desconhecemos como funcionam no Brasil.
Se tiveres um nível 5 ou licenciatura completos, não precisas de traduzir o teu diploma de forma oficial. Quando acabares o curso (ou mesmo depois de já teres acabado), podes pedir à tua escola/universidade uma versão em Inglês do diploma.
5. Seguro de Viagem
Embora o seguro de viagem não seja obrigatório, é altamente recomendado que o faças. Dentro da União Europeia não sentimos necessidade de um seguro, uma vez que as leis de proteção ao consumidor e o Cartão Europeu de Saúde oferecem uma certa segurança. No entanto, a situação muda quando viajamos para fora da União Europeia.
A nossa recomendação é a True Traveller. Queremos ser totalmente transparentes e afirmar que não estamos a recomenda-los apenas para ganhar uma comissão. Sugerimos que faças a tua própria pesquisa e comparação para encontrares o melhor seguro para as tuas necessidades. No entanto, há várias razões pelas quais acreditamos que, na maioria das vezes, eles são a melhor opção:
- Feedback muito positivo – lemos inúmeros comentários positivos, inclusive no maior grupo do Facebook sobre o visto Working Holiday no Canadá;
- Esta seguradora foi criada por viajantes, para viajantes. Melhor do que ninguém, eles sabem bem as nossas necessidades;
- A True Traveller é a única seguradora que conhecemos que oferece um seguro de 2 anos, que é obrigatório para o visto WHV no Canadá. Com outras seguradoras, é preciso comprar dois seguros de 1 ano, o que acaba por ser mais caro;
- Entrámos em contacto com eles com algumas dúvidas e foram muito rápidos e esclarecedores nas respostas. Também recebemos feedback de um casal amigo que veio para o Canadá: precisaram de os contactar quando estavam a comprar o seguro e também ficaram satisfeito com o serviço e assistência prestada;
- A True Traveller oferece 3 opções de cobertura e extras. Para algumas pessoas, como é o nosso caso, o seguro para bagagem não é relevante, então optámos por não o incluir para poupar algum dinheiro;
- O preço é muito bom e as coberturas são ótimas. Nós optámos pela opção intermédia, mas há uma mais barata e uma mais cara.
Para além de todas estas razões, algo que nos deixava nervosos com o voar para fora da UE é que se acontece alguma coisa, os serviços de saúde são muito caros (principalmente na América do Norte). O nosso seguro com a True Traveller inclui 10.000.000€ (sim, 10 milhões!) de cobertura para assistência medica, enquanto que outros seguros só oferecem cerca de 300.000€. A maior parte das outras coberturas também são superiores.
6. Candidatura ao visto
Faz a tua candidatura online através do site da imigração australiana; o processo é bastante simples. Durante o processo, tens que pagar uma taxa de candidatura – atualmente são $510 AUD. Utiliza um cartão como o Revolut ou Wise para evitares taxas de conversão.
O processo pode demorar entre 2 a 3 semanas, mas geralmente é bastante rápido. Fica atento ao teu email porque podem pedir documentação extra, como por exemplo, exames médicos. Caso isso aconteça, eles fornecem toda a informação e explicam como deves proceder. Assim que o visto for aprovado podes começar a pesquisar voos!
7. Segundo e Terceiro Ano
Como já referimos, podes candidatar-te a um segundo ano de visto se fizeres 3 meses de trabalho específico, e a um terceiro se fizeres mais 6 meses. O processo de candidatura é semelhante ao do primeiro ano, mas não precisas de voltar a fazer o teste de Inglês. No entanto, tens de provar que trabalhaste o tempo necessário. O nosso conselho é que faças esses meses de trabalho o mais cedo possível se a tua intenção é estender o visto. Dessa forma, ficas despachado e podes aproveitar os restantes meses para viajar. Conhecemos pessoas que foram adiando e depois acabaram por ter que aceitar péssimas condições de trabalho porque não tinham tempo para procurar melhor, e precisavam mesmo de completar os 3 meses. No nosso caso, ficámos apenas um ano na Austrália porque o João tinha 32 anos e o limite são os 30 anos.
8. Custos
Visto
O visto em si custa cerca de $510/350€ e deves usar um cartão sem taxas de conversão como o Revolut ou Wise. Quando nos candidatámos era mais barato ($450), mas gastámos um pouco mais em documentos que agora já não são necessários.
- A Bárbara gastou 50€ por uma cópia do diploma dela em Inglês. O João não gastou nada porque quando terminou o curso, pediu logo dois, um e Inglês e outro em Português;
- No “nosso tempo” toda a documentação tinha que ser enviada por correio para a embaixada Australiana na Alemanha, por isso gastámos cerca de 8€ no envio;
- Na altura também era necessário uma carta de aprovação do governo Português. Era gratuita, mas como estávamos a viver em Inglaterra, tivemos que ir a Londres reconhecer a nossa assinatura no consulado para podermos fazer o pedido online. Entre gasolina, alojamento de uma noite e consulado gastámos 71€.
Voos
Voar direto é bem mais caro do que fazer escala, mas é mais rápido e conveniente. Nós optámos por fazer três escalas (uma é sempre obrigatória), não só para poupar dinheiro, mas também porque aproveitámos para ver amigos em Barcelona e aproveitámos para conhecer Estocolmo. Partimos do Porto com uma mala de porão cada e pagámos 51€ para Barcelona (Ryanair), 96€ para Estocolmo (Norwegian Airlines) e 480€ para Melbourne (Qatar Airlines). No total gastámos 627€. Um voo “direto” (com escala em Doha) de Lisboa pela Qatar não seriam menos de 1000€ por pessoa, voo esse que nem sequer existia na altura.
No regresso fizemos Sydney -> Londres -> Lisboa mas gastámos mais (1100€) por causa da pandemia (Maio de 2020).
IELTS
O exame de inglês (IELTS) custa 243€, mas como morávamos em Bristol (UK) e fizemos lá, pagámos £165/190€;
Outros custos
Os restantes custos que tivemos estão relacionados com o alojamento em Barcelona e Estocolmo, alimentação e transportes. Não vamos partilhar os valores, porque não achamos que sejam relevantes, variam imenso de pessoa para pessoa, e foi nossa opção fazer estas paragens.