Se queres viver uma experiência completa na Austrália — viajar, trabalhar e conhecer o país — o Work and Holiday Visa (subclasse 462) é a melhor opção. Este visto permite-te viver e trabalhar legalmente na Austrália durante 12 meses, com a possibilidade de extensão até duas vezes, desde que cumpras determinados requisitos (como trabalhar em áreas específicas durante um número mínimo de dias). Foi exatamente este o visto que nós escolhemos.
Os salários são bastante atrativos e, com alguma organização, consegues poupar e explorar o país.
Outras opções de visto
Quando o teu visto Work and Holiday terminar (ou se já tiveres atingido o limite das extensões), existem outras formas de prolongar a tua estadia na Austrália. As mais comuns são:
- Student Visa – Permite estudar e trabalhar a tempo parcial. Conhecemos várias pessoas que o utilizaram para continuar na Austrália depois do WHV. Só recomendamos se tiveres mesmo interesse em estudar, já que as propinas são elevadas e o número de horas de trabalho é limitado.
- Sponsor Visa – Implica que uma empresa australiana patrocine o teu visto.
- Skilled Visa – Destina-se a quem tem uma profissão em falta na Austrália.
Estes dois últimos vistos (Sponsor e Skilled) são processos mais complexos, demorados e dispendiosos, mas podem abrir caminho para viver permanentemente no país. Temos amigos que seguiram estas opções com sucesso, por isso, se tiveres dúvidas, podemos tentar ajudar.
Visto de Férias e Trabalho na Austrália – WHV 462
A candidatura é relativamente simples, e podes encontrar toda a informação necessária na página oficial do governo australiano. Existem empresas que tratam de todo o processo por ti, mas não vale a pena gastar dinheiro nisso — o processo é fácil, e tens tudo explicado no nosso guia. Guarda o dinheiro para aproveitares quando já estiveres na Austrália!
O guia que disponibilizamos abaixo descreve todo o processo em detalhe, mas se tiveres alguma dúvida, podes entrar em contacto connosco.
Diferenças entre o Visto 462 e o 417
Existem dois vistos Work and Holiday para a Austrália, o que pode gerar alguma confusão. São bastante semelhantes, mas é o teu país de origem (passaporte) que determina a qual deles te podes candidatar.
Se estás a ler isto em português, assumimos que és cidadão português ou brasileiro, por isso o guia foca-se no visto 462. No entanto, se tiveres dupla nacionalidade e o outro país estiver abrangido pela subclasse 417, podes (e deves) considerar essa opção.
Porque é que o 417 é (quase) sempre melhor?
- Sem limite de vagas: o visto 417 não tem restrições de número de candidatos. Já o visto 462 tem limites anuais, que variam conforme o país. À data deste guia, o limite é de 500 vagas para Portugal e 500 para o Brasil;
- Processo mais rápido: o visto 417 costuma ser aprovado em menos de 48 horas após o pagamento. O visto 462 pode demorar entre duas a três semanas, mas há casos em que pode demorar bem mais;
- Requisitos adicionais: o visto 462 exige pelo menos dois anos de frequência no ensino superior e um teste de inglês reconhecido, enquanto o 417 não tem essas exigências;
- Duração e extensões: ambos os vistos são válidos por 12 meses a partir da entrada na Austrália, e podem ser estendidos até três anos no total, mediante a realização de trabalho regional;
- Tipo de trabalho regional: uma vantagem do 462 é que, se trabalhares a norte do Trópico de Capricórnio, o trabalho pode ser feito em hotelaria, restauração ou turismo, e não apenas em quintas (farm work).
Tenho 30 anos, o meu visto vai ser aceite?
Sim! O limite de idade é 30 anos inclusive, e o que conta é a data em que submetes a candidatura, não a data de aprovação. O João, por exemplo, candidatou-se 11 dias antes de fazer 31 anos, e o visto foi aprovado 9 dias depois de já ter feito anos.
Como te podes candidatar ao visto 462
Neste link encontras todas as informações necessárias sobre o visto Work and Holiday (subclasse 462), mas deixamos-te também um guia completo baseado na nossa própria experiência para te ajudar em cada etapa do processo.
- Antes de te candidatares
- Documentação
- Prova de Inglês
- Exigências de Educação
- Seguro de Viagem e Saúde
- Candidatura ao visto
- Extensões: Segundo e Terceiro Ano
- Custos
1. Antes de te candidatares
Certifica-te de que cumpres todos os requisitos de elegibilidade. Para o visto Work and Holiday (subclasse 462), deves ter entre 18 e 30 anos no momento da candidatura. É ainda necessário ter passaporte português ou brasileiro, um exame de proficiência em inglês e, no mínimo, dois anos de estudos pós-secundários.
Começa a preparar tudo com antecedência! Nós tratámos dos documentos necessários alguns meses antes da data de candidatura (1 de julho, no caso de Portugal). Como há um número limitado de vagas, vais querer submeter a candidatura à meia-noite do dia em que abrem, para garantires o teu lugar — pelo menos essa foi a nossa estratégia!
Marca o teu teste de inglês com pelo menos três meses de antecedência, porque há datas específicas para a realização desses exames. Na altura estávamos a viver em Inglaterra e fizemos lá o nosso exame, mas em Portugal as escolas podem funcionar de forma diferente. Além disso, se reprovares, ainda terás tempo para o repetir.
2. Documentação
Todos os documentos inerentes à tua candidatura têm que estar em Inglês. Caso estejam em Português, tens que recorrer a uma tradução oficial antes de os submeteres.
Todos os documentos necessários para a candidatura devem estar em inglês. Caso estejam em português, deves recorrer a uma tradução oficial feita por um tradutor certificado, com assinatura e carimbo visíveis no documento.
- Passaporte – Se ainda não tiveres, podes fazê-lo numa Loja do Cidadão. Aconselhamos a marcar com antecedência; normalmente, podes levantá-lo cerca de uma semana depois;
- Certidão de Nascimento ou Cartão de Cidadão – Ambos são aceites, mas recomendamos o Cartão de Cidadão, porque já inclui a informação em inglês;
- Prova de frequência do Ensino Superior – Um documento que comprove que completaste pelo menos dois anos de estudos pós-secundários (nível 5 ou superior), ou a apresentação do diploma (em inglês);
- Exame de Inglês – Nós fizemos o IELTS, mas existem outras opções;
- Extrato bancário – É necessário provar que tens pelo menos 5000 AUD (cerca de 3200 €), mais o valor suficiente para um bilhete de saída da Austrália. Este requisito serve para garantir que consegues sustentar-te nos primeiros tempos.
3. Prova de Inglês
Para te candidatares ao visto 462, tens de comprovar que tens um nível de inglês funcional. Existem várias formas de o fazer, mas a maior parte dos candidatos realiza uma prova de inglês, geralmente o IELTS. Atenção que existem duas versões do exame: General Training e Academic. Ambas são válidas para o visto, mas o Academic é mais exigente e voltado para o ensino superior. A tua prova de inglês tem de ter menos de um ano à data de candidatura ao visto.
O exame tem quatro componentes:
- Speaking (falar) – Numa sala com um examinador, vais conversar sobre ti e desenvolver um tema proposto. O melhor é encarar a conversa de forma natural — o objetivo é avaliar se consegues comunicar com confiança, não se falas de forma perfeita. Para nós foi relativamente fácil, porque já vivíamos no Reino Unido há mais de dois anos e lidávamos com o inglês diariamente. Esta é a única componente feita à parte e, por vezes, num dia diferente;
- Writting (escrever) – Feito numa sala com outros candidatos, juntamente com os módulos de Listening e Reading. No Writing, terás de redigir um texto sobre um tema proposto. No nosso caso, pediram-nos para escrever uma carta a um amigo depois de o visitarmos, porque nos tínhamos esquecido da carteira em casa dele;
- Listening (ouvir) – Provavelmente o módulo mais fácil, mas também o que exige mais concentração. Vais ouvir vários excertos de áudio e tens de preencher palavras em falta ou escolher as opções corretas. O desafio está na qualidade do som: se estiver baixo, mal se ouve no fundo da sala; se estiver alto, há ruído a mais porque usam rádios velhos. Só podes ouvir uma vez, por isso é importante manter o foco;
- Reading (ler) – Consiste em responder a perguntas sobre textos curtos. É geralmente o módulo mais acessível.
Quanto mais à vontade estiveres com o inglês, melhor. O exame é relativamente simples e muito semelhante aos exercícios das aulas de inglês na escola. Online encontras vários testes gratuitos para praticar.
A pontuação do IELTS vai de 0 a 9, e para o visto Work and Holiday (subclasse 462) precisas de uma média mínima de 4.5 (nível “funcional”), sem que nenhuma componente seja inferior a 4.
4. Exigências de Educação
Para te candidatares ao visto 462, precisas de comprovar pelo menos dois anos de estudos pós-secundários. Se terminaste uma licenciatura, mestrado, doutoramento ou pós-graduação, basta apresentares o respetivo diploma, desde que esteja em inglês.
Os cursos de nível 5 também são aceites. Em Portugal, isso inclui cursos profissionais lecionados pelo IEFP, Escolas Tecnológicas, Estabelecimentos de Ensino Superior e Instituições de Ensino Superior (universidades, politécnicos, etc.), como os Cursos de Especialização Tecnológica (CET) e os Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP). Podes encontrar mais informação aqui. Desconhecemos como funciona o processo no Brasil.
Se tiveres um curso de nível 5 ou uma licenciatura completos, não precisas de traduzir o diploma de forma oficial. Quando terminares o curso (ou mesmo depois), podes pedir à tua escola ou universidade uma versão em inglês do diploma, normalmente emitida sem custos ou mediante uma pequena taxa administrativa.
5. Seguro de Viagem e Saúde
Dentro da União Europeia nunca sentimos grande necessidade de um seguro, uma vez que as leis de proteção ao consumidor e o Cartão Europeu de Saúde oferecem alguma segurança. No entanto, a situação muda completamente quando viajamos para fora da UE. Embora o seguro de viagem não seja sempre obrigatório, é altamente recomendado, e poderá mesmo ser exigido dependendo das condições do teu visto (em particular se o teu visto incluir a condição 8501, que obriga a ter um seguro de saúde válido durante toda a estadia).
A nossa recomendação é a True Traveller. Queremos ser totalmente transparentes e afirmar que não a recomendamos apenas para ganhar uma comissão. Sugerimos sempre que faças a tua própria pesquisa e comparação para encontrares o seguro que melhor se adapta às tuas necessidades. Dito isto, há várias razões pelas quais acreditamos que, na maioria das vezes, a True Traveller é uma excelente opção, especialmente para viagens longas ou com o visto Work and Holiday:
- Feedback muito positivo – lemos inúmeros comentários favoráveis, incluindo no maior grupo de Facebook sobre o visto Working Holiday no Canadá;
- Criada por viajantes, para viajantes – melhor do que ninguém, eles entendem o que procuramos;
- Seguro até dois anos – é uma das poucas seguradoras que oferece cobertura de dois anos (útil para quem pretende um visto mais longo, como o WHV no Canadá). Com outras seguradoras, é preciso comprar dois seguros de um ano, o que acaba por sair mais caro;
- Bom serviço ao cliente – entrámos em contacto com eles com algumas dúvidas e responderam rapidamente. Um casal amigo que viajou para o Canadá também teve uma boa experiência com o serviço e assistência;
- Várias opções de cobertura – oferecem três níveis de proteção e extras opcionais. No nosso caso, optámos por não incluir o seguro de bagagem para poupar algum dinheiro;
- Excelente relação qualidade/preço – o preço é competitivo e as coberturas são muito boas. Nós escolhemos a opção intermédia, mas há alternativas mais básicas e mais completas.
Além de tudo isto, uma das nossas maiores preocupações ao viajar fora da UE era o custo elevado dos cuidados de saúde, especialmente na América do Norte e na Austrália. O nosso seguro com a True Traveller incluía 10.000.000€ de cobertura médica, enquanto muitas outras seguradoras oferecem bem menos. Algumas, bastante conhecidas por serem frequentemente partilhadas no instagram, ficam-se pelos 300.000€, o que pode parecer muito até precisares realmente de usar o seguro. A maioria das outras coberturas também é superior.
A True Traveller é uma excelente escolha para viajantes de longa duração e para quem vai com o visto Work and Holiday, mas, como em qualquer seguro, é fundamental ler as condições e exclusões com atenção e comparar com outras opções antes de decidir.
Em alternativa, também podes considerar os seguros OVHC (Overseas Visitors Health Cover), oferecidos por seguradoras australianas e especificamente desenhados para quem viaja com vistos de trabalho e férias.
6. Candidatura ao visto
Faz a tua candidatura online através do site oficial da imigração australiana; o processo é bastante simples. Durante a candidatura, tens de pagar uma taxa de 510 AUD (valor atual). Usa um cartão como o Revolut ou Wise para evitares taxas de conversão.
O processo pode demorar entre duas a três semanas, mas costuma ser rápido. Fica atento ao teu email, porque podem pedir documentação adicional, como exames médicos — algo que acontece em alguns casos, especialmente consoante o teu histórico de viagens ou declarações de saúde. Caso isso aconteça, vais receber todas as instruções detalhadas sobre como proceder.
Assim que o visto for aprovado, já podes começar a procurar voos!
7. Extensões: Segundo e Terceiro Ano
Como já referimos, podes candidatar-te a um segundo ano de visto se fizeres três meses de trabalho específico, e a um terceiro ano se fizeres mais seis meses. O processo de candidatura é semelhante ao do primeiro visto, mas não precisas de voltar a fazer o teste de inglês. No entanto, tens de comprovar o tempo de trabalho exigido.
O nosso conselho é que faças esses meses de trabalho o mais cedo possível, se a tua intenção for estender o visto. Assim, ficas despachado e podes aproveitar o resto do tempo para viajar. Conhecemos pessoas que foram adiando e acabaram por ter de aceitar condições de trabalho péssimas, porque já não tinham tempo para procurar melhor e precisavam mesmo de completar os três meses.
No nosso caso, ficámos apenas um ano na Austrália porque o João já tinha 32 anos, e o limite de idade para o visto é 30 anos inclusive. No futuro, vamos partilhar relatos de amigos que conseguiram estender o visto para um segundo ou terceiro ano, com as suas experiências e conselhos.
8. Custos
Visto
O visto custa atualmente cerca de 510 AUD (aproximadamente 350 €) e deves usar um cartão sem taxas de conversão, como o Revolut ou o Wise. Quando nos candidatámos, era mais barato (450 AUD), mas gastámos um pouco mais em documentos que agora já não são necessários.
- A Bárbara gastou 50 € por uma cópia do diploma em inglês. O João não gastou nada, porque quando terminou o curso pediu logo duas versões — uma em inglês e outra em português;
- Na altura, toda a documentação tinha de ser enviada por correio para a embaixada australiana na Alemanha, por isso gastámos cerca de 8 € no envio;
- Também era necessária uma carta de recomendação do governo português. Era gratuita, mas como estávamos a viver em Inglaterra, tivemos de ir a Londres reconhecer a assinatura no consulado para podermos fazer o pedido online. Entre gasolina, alojamento de uma noite e taxas do consulado, gastámos 71 €.
Voos
Voar direto é mais caro do que fazer escalas, mas é também mais rápido e conveniente. Nós optámos por fazer três escalas (uma é sempre obrigatória), não só para poupar dinheiro, mas também para aproveitar e visitar amigos em Barcelona e conhecer Estocolmo.
Partimos do Porto com uma mala de porão cada e pagámos:
- 51 € para Barcelona (Ryanair)
- 96 € para Estocolmo (Norwegian Airlines)
- 480 € para Melbourne (Qatar Airways)
No total, gastámos 627 € por pessoa. Um voo “direto” (com escala em Doha) de Lisboa pela Qatar não custava menos de 1.000 €, e na altura esse voo nem sequer existia.
No regresso fizemos Sydney → Londres → Lisboa, mas gastámos mais (1.100 € por pessoa) por causa da pandemia (maio de 2020).
IELTS
O exame de inglês IELTS custa cerca de 243 €, mas como morávamos em Bristol (Reino Unido) e o fizemos lá, pagámos 165 £ (cerca de 190 €).
Outros custos
Os restantes custos que tivemos estão relacionados com alojamento em Barcelona e Estocolmo, alimentação e transportes. Não partilhamos esses valores porque variam muito de pessoa para pessoa, e foi uma opção fazer estas paragens.